23 setembro 2013

Onde mora quem manda

Fui até aquela rua
não havia motivo
na regra do caminho
Fui
àquela rua
domingo bem a tempo
que há tempos
vou àquela rua
me levam estes
todos sentidos 
lá.

Fui até aquela rua
que as árvores daquela 
rua quase tapam
o mormaço
no ar parece pouco
é um absurdo que 
aqui quem seja
ser amistoso.

Fui até aquela rua
vazia no plano
que mora quem manda
ainda não viu
problema que estou aqui.
Na rua só vêem
dos vidros dos taxis.

Fui até aquela rua
como quem descansa
a vista e é nítida
a falsa aura branca
onde cada edifício
que preenche o céu
esvazia da rua
o bonito ir e vir
de violências carentes.

Fui até aquela rua
atrás da bonança
da pequeno-burguesia
atrás de um caráter 
comprado caro
em tantas parcelas 
de culpa cristã.

Fui até aquela rua
eu posso ir
porque a cidade me pertence
porque permitem 
que eu esteja aqui.
É só escolher 
bem onde sentar
e baixar seu tônus
ao nível de uma máquina.

Fui até aquela rua
tantos anos
e a promiscuidade das classes
me deu esse amor
sereno dos bem-nascidos
que a mim se encaixará na lápide
ainda assim acima
de meu corpo
para sempre.

Fui até aquela rua
à procura
e tudo que encontrei
transformei em um sonho irônico
dando aos cortes da cidade
o status das fases da vida.

Aonde se vai,
se voltará.
Aonde está 
a ingenuidade perdida?
C. P. F. - Caio Poeta Fariseu
Alavancado de homens e rios encanados.

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