11 dezembro 2012

Poema conto


Dormi ao lado de um homem.
Dormi com um homem que tinha uma lágrima.
Estava seca, mas ainda chorava.
Estava seca, mas eu provei e era salgada.
Eu provei, era uma lágrima mesmo.
A luz estava acesa, pude ver.

Seus dedos estavam entre os meus.
Minhas pernas entre as suas.
E entre um céu de sons,
eu procurei mas não ouvi,
a lagrima cair.
Eu conseguia ve-la se desfazer,
em meu rosto e pelo lençol,
em sua face branca sobre o travesseiro.
Dormi ao lado de um homem,
com a mais justa maquiagem
feita em um traço.

No meio da noite o vi de costas,
e seu corpo sugeria um abraço.
Que me custou todo amor que tinha para dar,
e o que não tinha, também.
Eu pude te dar o que nunca tive espaço para dar.
E pude experimentar um tempo que não é meu.
Eu dormi ao lado de um palhaço.

Tico-Tico

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