04 novembro 2012

Piscicultura - A Cultura do Peixe

O peixe pensou alto e lhe pescaram o devaneio. Logo podemos dizer que o devaneio gosta de minhoca. O devaneio que sabia a que vinha, foi dizer mas não disse, e sobre a grelha já não cabia mais senão, só sal e limão. Todos à mesa logo se espantaram, que o juízo-petisco escorregava na boca. Promíscuo, de sabor esquivo, o devaneio controvertia a família em veraneio:
- Digo salmão...
- Nunca, é agri-doce.   
- Mas deixem, vocês sabem que é tainha...
- Linguado?
- Amendoim!
- O menino delira.
- Que papo é esse de salmão? Me deram sardinha!
Era um devaneio de mil cores, e cabeças, plurigostoso, de gosto cheio. Vindo de um peixe que não sentia sua falta, uma vez pensado(e pescado), já não lhe pertencia. Havia quem dissesse que era rã, água-viva, maiô perdido, banana-boat. Que era duro, saliente, encorpado, maleável, gosmento, espumante, crocante e banal.  E importante, e ridículo, e vivo, e mineral, e excessivo, e escuro, e translúcido, ácido, tácito, clássico, dinástico... e até que parecia pensamento de peixe... 
A família não gastou muitas palavras, nem gostou. Não havia o que discutir, a cada um sua língua. Apenas o tio solteiro - que mais da pesca e de peixe sabia - inculcado, fez de sua careca um berço, e deu a luz à uma resposta sobre o feito do pensamento paladaresco, resposta que aqui não vem ao caso. O menino, que ainda mascava o último filete de idéia marinha - ora bife a rolê, ora maçã do amor - foi o único que viu a resposta escorregar pelas costas do tio e nos braços de ondas e ondas apagar-se no mar. 

Dali a pouco pescaram a resposta e o menino, diligente, foi a procura de quem, lhe levar a pergunta. 
Sua mãe, a esta altura empanada, o segurou de leve pelo braço. Era tarde. Deixasse de tolice. Ainda hoje iriam enfrentar a Anhanguera. 

C. P. F. - Caio Poeta Fariseu

Alavancado de Por mais que.

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